Devoção n’O Dia

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Ilustração da lavra de Renato Molinaro

A você, prezado amigo que nos prestigia com sua visita para uma dose de devoção à cachaça, peço que não estranhe se os posts começarem a rarear um pouco de hoje em diante. Dá-se que esse escriba e diretor do Devotos da Cachaça agora é responsável pelo conteúdo de um blog com o mesmo nome, hospedado no portal do jornal O Dia.

É uma grande conquista para a bebida nacional brasileira e tenho que fazer jus à confiança em mim depositada. Mas, claro que a gente não tem braço para tanta cachaça, por aqui, por lá e mundo afora. Uma hora eu vou estar ausente aqui do alambique…. Mas clique aí no link pra nos visitar lá no sítio do Dia: Devotos. 

 

 

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Devoto editorial da Cúpula

Nosso posicionamento: Envelhecimento

Pela transparência e
a favor da diversidade

Clicando na foto, você acessa a publicação Cachaça em revista em pdf, com o relatório da I Cúpula da Cachaça

Clicando na foto, você acessa a publicação Cachaça em revista em pdf, com o relatório da I Cúpula da Cachaça


A Cúpula da Cachaça nasceu como um fórum de discussão sobre a bebida nacional brasileira. E a nossa prosa se estende por muito mais do que os três dias em que todos nos sentamos em torno da mesa e dos grandes temas do universo da cachaça em Analândia, em janeiro deste ano – uma celebração que, oxalá, há de se repetir por muitos anos, com vários outros amigos. De forma permanente, via internet e nos encontros pessoais que ocorrem entre os cupuleiros, sobretudo nos eventos ligados ao universo cachacístico, sempre retomamos e aprofundamos a discussão dos assuntos relacionados ao futuro do nosso destilado preferido e à consolidação de uma Cultura da Cachaça. Esse é o sentido da nossa existência enquanto grupo.

No primeiro semestre, o tema que concentrou nossas discussões foi o envelhecimento da cachaça. O mote para isso foi dado pela Portaria número 30, do Mapa, que atualiza as normas para o controle do envelhecimento da cachaça, agora prestes a ser publicada. Os membros da Cúpula querem externar alguns princípios consensuais que acreditamos deveriam ser defendidos por todos os aficionados pela cachaça, para que o envelhecimento do nosso destilado seja melhor e mais transparente e tenhamos produtos cada vez melhores. São princípios permanentes, que, acreditamos, devem ser considerados por todos os envolvidos com a cachaça, desde produtores a consumidores, passando por legisladores e fiscalizadores. São eles:

1 – O uso do termo “envelhecida” nos rótulos deveria ser reservado exclusivamente para a cachaça armazenada em tonéis com capacidade máxima de 250 litros, por prazo mínimo de um ano. A cachaça armazenada por tempo inferior a esse poderia merecer outros termos, como “descansada”, mas jamais “envelhecida”.

2 – O envelhecimento da Cachaça deve se dar preferencialmente em tonéis ou barris de madeira de até 250 litros. Tonéis de maior capacidade não têm a capacidade de interagir com a cachaça e transferir a plenitude de suas propriedades no período de 12 meses. Sua utilização, respeitando-se o limite máximo de 700 litros,contudo, pode ser permitida, desde que, obrigatoriamente, no rótulo da bebida, constem a madeira, o volume do tonel e o tempo de armazenamento, respeitadas as disposições legais sobre rotulagem.

3 – Para o uso do termo “envelhecida”, não se deve permitir o uso de nenhuma proporção de cachaça mais nova. O balanceamento do teor alcoólico deve ser feito exclusivamente mediante a adição de água, devidamente tratada.

4- O uso de termos como armazenada “em madeiras nobres”, “em madeiras de lei” etc.. deveria ser abandonado por todos os produtores, ainda que levando-se em conta os eventuais problemas de interpretação da legislação. As madeiras de envelhecimento, sendo elementos absolutamente decisivos para as propriedades sensoriais da cachaça, devem vir discriminadas com destaque no rótulo de todas as cachaças.

5- O uso de lascas (chips) de carvalho destinados a acelerar o processo de envelhecimento deve ser repudiado por todos os amantes da cachaça, interessados na preservação do complexo cultural, histórico e social ligado à bebida. Experiências outras devem ser incentivadas e experimentadas, mas sua adoção pelos produtores deve ser precedida de amplos estudos sobre seu impacto, levando em conta todo o ciclo envolvido na cachaça, da ponta em que está o plantador de cana àquela em que está o consumidor, sobretudo o menos esclarecido e, portanto, mais vulnerável.

6- Somos contrários, pelo princípio da manutenção da diversidade que é uma das bases do caráter único da cachaça em relação a outros destilados, a qualquer tipo de listagem de madeiras próprias para o envelhecimento da cachaça. Os parâmetros que devem ser seguidos são aqueles do gosto do consumidor e, claro, os ambientais. Em vista disso, instamos o Ministério da Agricultura a uma maior fiscalização em relação ao uso de espécies cujo corte está vedado (caso da castanheira e do amendoim) e o incentivo à manutenção e reintrodução dessas e de outras espécies com restrições regionais, atividades nas quais os produtores (e consumidores) de cachaça deveriam, igualmente, se engajar.

7- Sem imaginarmos qualquer tipo de exclusão de madeiras não nativas – sobretudo o carvalho, já de alguma forma consagrado como madeira de envelhecimento de cachaça –, incentivamos os produtores da cachaça, bebida genuinamente brasileira, a buscar entre as madeiras igualmente brasileiras a matéria prima para sua tanoaria.

8- Somos favoráveis ao aprimoramento da fiscalização, mas não à custa do excesso de burocratização e da maximização de exigências processuais que tenham como efeito colateral o afastamento de produtores tradicionais e de menor porte do mercado.

De resto, fica a nossa homenagem aos produtores brasileiros e um brinde à bebida nacional brasileira. Boa leitura e saúde!

Cúpula da cachaça

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Devota Noitada com a Bebida Nacional

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Imagem do encarte do CD Bebida Nacional

O que a cachaça tem a ver com o choro, o samba, a milonga, a modinha? Tudo, já que esses gêneros musicais têm gênese, percurso e sabores semelhantes ao da bebida nacional brasileira. Tome-se o choro, por exemplo, cuja raiz está em ritmos europeus como a polca, a gavota, o scottish, e é tocado com instrumentos como o cavaquinho, o pandeiro, o violão… presentes em todos os quadrantes do planeta que os portugueses alcançaram. Da mesma forma, a cachaça é o néctar destilado da cana-de-açúcar, planta trazida da Europa e cuja remota origem é a Ásia.

Mas o choro é brasileiro. Foi aqui, nos ares da antiga capital, o Rio de Janeiro, que as síncopes ganharam espaço, o fraseado se suavizou e ganhou ares melífluos, as variações rítmicas se enriqueceram. Assim como a cachaça, que evoluiu do destilado algo bruto dos primeiros anos, semelhante a outros da região do Atlântico – o grogue, o rum… –, para alcançar seu fraseado sensorial absolutamente distinto, suas variedades de ritmos ditadas por madeiras, graus alcoólicos e outras alquimias, seu equilíbrio de forma peculiar… enfim, toda essa polifonia de sensações que leva a boa cachaça a descer pela garganta com a suavidade de um choro de Pixinguinha.

Essa transformação, esse abrasileiramento, essa obra de brancos mulatos e pretos doutores, agiu na destilaria e nos salões para legar ao Brasil essas riquezas: a branquinha e o choro, o xote e a cachaça descansada, a milonga e os blends envelhecidos.  É de agir sobre o que o mundo nos traz e tornar coisa própria e única que se trata a cultura brasileira. “O samba, a prontidão e outras bossas são nossas coisas, são coisas nossas!”

Pois, agora, temos um disco que fez, com maestria, conhecimento e sensibilidade, essa relação entre a cachaça e os gêneros musicais brasileiros. É o Bebida Nacional, que teve na produção a parceria do Mapa da Cachaça, do Felipe Januzzi e da Gabriela Barreto. A proposta é uma viagem pelo Brasil dos milhares de ritmos e de todos os sabores da pinga. Da abertura caymmiana, para homenagear a Bahia dos velhos engenhos, a uma linda milonga puxada na gaita das terras gaúchas de excelentes cachaças; da viola caipira com sabor das melhores pingas de alambique paulistas ao lirismo da modinha urbana, com sabor de doces licores feitos da boa aguardente da terra. E, claro, o samba, o partido alto, a marcha e um choro que homenageia Paraty, berço da cachaça… uma grande viagem, levada por músicos de alto nível.  Pode degustar uma provinha aqui…

O pessoal do Bebida Nacional, que é de Brasília, vai tocar em São Paulo no próximo dia 13 de julho, sábado, na Noitada com a bebida nacional. Uma grande oportunidade de ouvir músicos comprometidos com o que há de melhor na cultura brasileira. E também está programada a exibição de filmes cachacísticos, inclusive o nosso Devotos da cachaça, além de palestras como a do grande mestre Nelson Duarte, que mostrará suas blendagens de cachaça extremamente musicais.

Uma noite que promete ser um momento mágico de celebração da cultura brasileira, por meio de duas das suas maiores e mais embriagadoras expressões: a cachaça e a música.

Vamos lá?

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Devotos vai à Virada celebrar um bem brasileiro

Chega a ser um exagero a quantidade de boas atrações da Virada Cultural Paulista, o megaevento desse próximo fim de semana que leva para as ruas da metrópole artistas tão viradavariados como Gal Costa, Odair José, Orquestra Sinfônica Municipal, Daniela Mercury e Jorge Mautner. É mais gente boa do que se vê aqui pelo Rio em espaços públicos em dois anos inteiros. E não tem só música, não. Tem circo, teatro, programação para crianças, gastronomia, saúde…Tudo de graça!

O Sesc Pinheiros fez a sua parte melhor do que a encomenda: teve a iluminada ideia de dedicar a sua programação dentro da Virada ao destilado nacional brasileiro e promove o evento Cachaça: um bem brasileiro. O mote do projeto, segundo texto do centro cultural que emociona os que, como nós, lutamos há tanto tempo pelo reconhecimento e valorização da nossa querida marvada, é “apresentar a bebida como uma das mais originais e autênticas expressões da cultura nacional, destacando sua presença em nosso cotidiano a partir da relação com as artes, ritos, festas, culinária entre outros”.

É isso que eu sempre quis dizer.

Claro que o nosso doc Devotos da Cachaça não poderia ficar fora dessa. E estaremos lá, no sábado (18/05), às 18hs, exibindo nosso filme e abrindo a noite de cinema para o road doc Estrada Real da Cachaça (às 19hs), do diretor Pedro Urano.

Às 21hs, esse que vos fala (Dirley Fernandes) e o Pedro bateremos um papo com a turma sobre cinema, cachaça, produção de filmes, produção de pingas…

Mas tem mais: espetáculos como Folia no Terreiro de Seu Mané Pacaru, shows como o do grande mestre do samba paulista Germano Mathias e da Orquestra Popular de Olinda, o circense  Avarandado e degustação das melhores cachaças do planeta com o Leandro Batista, mestre do Mocotó. Uma programação assustadora de boa, extensa e variada, que vocês podem consultar clicando aqui.

Eu, as produtoras Lenir Costa e Anna Maria Silva e a atriz-pastora Érika Vogel esperamos vocês lá.

Alessandra, Wlad e Erika; os pastores do Baile da Aguardente

Alessandra, Wlad e Erika; os pastores do Baile da Aguardente

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A Cúpula dos devotos: Relatório final

A abrideira antes da prosa correr solta!

A abrideira antes da prosa correr solta! Clique na foto para ler o Relatório Completo da Cúpula

Foram três dias no Chalé Macaúva, em Analândia (SP), secando muitas doses e dissecando todos os temas pertinentes ao rumo da bebida nacional brasileira. O jornalista e poeta Sidney Maschio, os cientistas Leandro Marelli e Glauco Mello Jr., o mestre da blendagem e de outras misturas mais Nelson Duarte, o decano Peter Armstrong, os mestres dos segredos sensoriais Manoel Agostinho Lima e Milton Lima e esse modesto estudioso da cultura cachaceira que vos fala trocaram ideias, informações, experiências, formularam propostas e levantaram as mais variadas discussões sobre os rumos da Cachaça.

Entre os temas abordados, estão:

a) Envelhecimento: as mudanças na legislação que estão na ordem do dia; os blends; as madeiras nacionais, o uso de chips de carvalho…

b) Blendagem: as dificuldades de padronização, o trabalho no alambique, a bidestilação, a profissionalização de alambiqueiros, degustadores e master blenders…

c) Tecnologia: correções de solo, resistência ao uso de elementos químicos, uso de moléculas naturais contra contaminação, leveduras selecionadas e fermento caipira, a necessidade de novos e mais completos manuais de produção com técnicas contemporâneas…

d) Cana e plantio: escolha das espécies, queimadas, escolha de mudas, produtividade dos canavais, antibacterianos…

e)  Exportação: as dificuldades e desafios; as operações pioneiras; a distribuição e o trading em diferentes mercados…

f)  Cultura e história da Cachaça. A necessidade de valorização sem elitização da branquinha.

Clicando neste link, você poderá ler o Relatório da Cúpula da Cachaça e se juntar a nós nessas discussões. Afinal, a segunda Cúpula já está em gestação. E há muitos segredos, conhecimentos, mistérios e discussões que precisam ser levantadas para que a Cachaça tenha cada vez mais qualidade e que sua profunda ligação com a cultura e história brasileiras seja reconhecida, compreendida e valorizada.

Saúde!

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Quando os devotos se encontram

Companheiro Milton Lima, devoto fermentado e destilado em Pirassinunga e em processo de envelhecimento em tonéis de inox, umburana, bálsamo e carvalho envia o release da Cúpula da Cachaça, da qual ele será o anfitrião, a partir do dia 25 de janeiro. Vai ser um grande encontro para debater e celebrar a bendita marvada…

OS RUMOS DA BEBIDA NACIONAL
BRASILEIRA EM DEBATERumo a Analândia...

Especialistas no destilado genuinamente nacional se reúnem em Analândia para trocar experiências e conhecimentos em busca da valorização da cachaça

Um encontro com alguns dos grandes especialistas em cachaça do Brasil para trocar ideias, dividir conhecimentos e discutir estratégias para levar adiante o processo de revalorização que a bebida nacional brasileira vem experimentando nos últimos anos.

Assim será a Cúpula da Cachaça, cuja primeira edição acontece na cidade de Analândia, no interior de São Paulo, de 25 a 27 de janeiro. A sede do evento é a Pousada e Cachaçaria Macaúva.

A Cúpula é um encontro com caráter independente e o encontro não terá a participação de marcas de bebida ou entidades governamentais ou empresariais. O objetivo é a discussão aberta dos temas mais sensíveis ao universo da cachaça.

A programação prevê palestras, debates, lançamento de livro e exibições de vídeos, entre outras atividades.

Entre os temas abordados estão as regras para concursos de cachaça, a atividade profissional do degustador, padronização e legislação, envelhecimento, análise sensorial e química, mixologia e a relação da cachaça com a cultura brasileira.

 

PARTICIPANTES CONFIRMADOS

Manoel Agostinho Lima Novo – Autor do livro Viagem ao mundo da cachaça, criador do site http://www.mundodacachaca.com e do aplicativo para Iphone Cachaça Brasil. Atua como consultor e palestrantes e é formado em Análise Sensorial pelo Centro Studi Assaggiatori (Brescia, Itália).
Milton Lima – Nascido, fermentado e destilado em Pirassununga, escreveu o tcc Cachaça do Brasil – da Senzala para a Casa Grande, que originou o cachaças.com – site que há seis anos é importante fonte de referência sobre o universo da cachaça. É colecionador de cachaça e proprietário da Cachaçaria Macaúva. Foi jurado do Ranking Playboy de Cachaças 2011. Atualmente ministra palestras e consultorias sobre cachaça.

Nelson Duarte – Tecnólogo em Bebidas, Mestre Alambiqueiro, Master Blender premiado e Bartender com certificação internacional pela International Bartenders Association, é autor do livro “Cachaça de Alambique: uma dose de marketing” (2013) e palestrante, especialista em Análise Sensorial certificado pelo Centro Studi Assaggiatori de Brescia, Itália.

Derivan Ferreira – Membro da direção da ABB (Associação Brasileira de Barmen) e na IBA (Associação Internacional de Barmen), como vice-presidente para a América do Sul. Barman de bares que marcaram a noite paulistana, como San Francisco Bay, Bistrô, Tanoeiro Bar e Esch Café, atualmente é titular do Bar Número. Conquistou vários prêmios, como Veja SP e Gula. Publicou cinco livros, sendo o último, A Coquetelaria ao Alcance de Todos (2012).
Leandro Marelli de Souza – Pós-doutor pela USP e Doutor pela Uenf, com estudos relacionados à Tecnologia de Bebidas e ao Controle de Qualidade em Bebidas Alcoólicas. Autor de artigos sobre qualidade química e sensorial da cachaça publicados em periódicos e congressos científicos nacionais e internacionais. Jurado do Ranking Playboy de Cachaças 2011.
Dirley Fernandes – Jornalista, editor, crítico de música e de cinema e documentarista. Com passagens por veículos como Manchete, Seleções, Extra, JB e Jornal do Commércio, é autor do documentário em média metragem Devotos da Cachaça (2010), que aborda a profunda inserção da cachaça na cultura, história e identidade brasileiras.

Glauco Mello Jr
Engenheiro Químico formado pela Unicamp, tendo trabalhado na Copersucar, Grupo Raízen, Grupo Zilor, e desde 1996 é consultor em fermentação alcoólica da multinacional Elanco, com experiências no Brasil, América Latina e Ásia.

Peter Carl Armstrong
Bacharel em Ciências Políticas pela Universidade de Victoria, Canadá, correspondente e Redator Regional da The Canadian Press, desenvolveu e implementou projetos de exportação para Cervejaria Brahma, Caninha 51, Caninha da Roça e Caninha 21. Consultor para o Brasil da International Wine & Spirits Record, de Londres.

A confirmar:
Rick Anson (sommelier e professor de enologia)
Sidney Maschio (jornalista)

PAUTA E DISCUSSÕES:
Regras para Concurso / ranking de cachaça
Legalização da profissão degustador / especialista
Padronização e legislação no envelhecimento de cachaças
Blendagem / Envelhecimento
Cachaça artesanal com tecnologia é possível?
Qualidade Química
Mixologia
Inserção da cachaça na formação cultural brasileira

PROGRAMAÇÃO:
Quinta-Feira (check-in na pousada Macaúva)
Esquenta com degustação

Sexta-feira dia 25/01
09:30h Café da manhã
10:00h Cerimônia de Abertura
10:30h Tipos de Cana e Técnicas de Plantio – Leandro Marelli
11:40h Degustação de “não” mineiras
12:30h Almoço Macaúva harmonizado com cachaça (chef Mônika Meirelle)
14:00h Passeio de Land Rover pelos pontos turísticos de Analândia
17:30h Palestra sobre blendagem de Cachaças e Degustação Nelson
18:30h Palestra Artesanal com Tecnologia é possível ? com Glauco Mello
19:00h Rodada Regada de discussões / palestra / jantar

Sábado dia 26/01
09:30h Café da manhã
10:00h Banho de Cachoeira
11:00h Rodada Regada de discussões / palestras
12:00h Almoço harmonizado com Cachaça Macaúva (Mônika)
12:00h Almoço na fazenda São Francisco / visita ao Alambique
14:00h Siesta no Macaúva (necessária Após o Almoço da Fazenda)
17:00h Mixologia de Cocktails de Cachaça – MESTRE DERIVAN
18:00h EXIBIÇÃO DO FILME “DEVOTOS DA CACHAÇA” , após o filme faremos um debate conduzido pelo jornalista e diretor do documentário Dirley Fernandes.
20:00h Lançamento do Livro (noite de autógrafos) na Cachaçaria Macaúva com Manoel Agostinho Lima Novo – Autor do livro VIAGEM AO MUNDO DA CACHAÇA

Domingo dia 27/01
09:30h Café da manhã
10:00h Banho de Cachoeira (opcional)
11:00h Rodada Regada de discussões
13:00h Visita ao Alambique Engenho Pequeno / Almoço
14:00h Encerramento da Cúpula com um Show de Rock no Alambique

Contatos
Manoel Agostinho Lima Novo – (21)
Nelson Duarte – (11) 97174-5727
Leandro Marelli – (19 )88200027
Gláuco Mello (19) 8333-5049
Dirley Fernandes – (21) 8208-7609
Milton Lima – (11) 98124-6979
Peter Carl Armstrong (19) 9832-5454
Derivan (11) 99223-7511

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Salinas, templo da nossa devoção

Salinas, a terra sagrada da cachaça, está em um ponto decisivo da sua história. Com a conquista de um selo de Indicação Geográfica, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) na semana passada, e com um grande investidor chegando à cidade com cacife para mudar o rumo da produção local, pode ter chegado a hora de as

Sertão de Salinas: território de cachaça boa

marcas salinenses ganharem o mundo. Por outro lado, há riscos que não podem ser desprezados quando falamos de uma cidade que, há 60 anos, vem produzindo alguns dos melhores exemplares do precioso líquido brasileiro.
Senão, vejamos: muito se discute sobre a pertinência de se afirmar que a cachaça, assim como o vinho, também carrega para a garrafa a marca do seu terroir – que passso a chamar de “território”. A mim, não obstante a consciência dos muitos perigos e exageros gananciosos que existem na aplicação de tal termo, seja para vinhos ou para cachaças, a consciência obriga a dizer que não tenho dúvida que, sim, os diferentes territórios podem marcar as características de diferentes cachaças.

Na cachaça, o território se impõe por duas vertentes. A primeira vem do ar, da terra e das águas de cada local, que levam organismos e diferentes linhagens de leveduras muitas vezes encontradas apenas em determinadas regiões para o vinho e cujo sabor pode sobrevive na cachaça. Os químicos podem explicar esse processo; eu, enquanto devoto, apenas aprecio e atribuo valores mágicos a esse processo, toda vez que ele dá certo.

Outra forma de território é a que tem origem na geografia humana. Certos métodos de produção, alguns usos e costumes até mesmo insólitos, preferências na forma de preparar o fermento, a escolha de madeiras para o envelhecimento, os tempos de descanso, a graduação alcoólica , os níveis de acidez… enfim, existem características que vêm sendo mantidas e compartilhadas não raramente por décadas a fio por grupos de produtores de determinados territórios.

Isso não descarta a beleza que há na especificidade de cada cachaça, nas particularidades que produzem a identidade única que é, provavelmente, a principal característica dos melhores néctares.

Digo isso tudo porque quero chegar num fato: as cachaças de Salinas têm, em sua maioria, marcas compartilhadas: a preferência por sabores mais picantes, uma graduação alcoólica mais generosa que o conjunto geral formado pelas melhores cachaças de todas as procedências e métodos de fermentação bastante tradicionais. Quanto aos produtores, são gente de fazenda, que lida com a terra há décadas e mantém seu foco na produção, e não “no mercado”.

Isso tem feito a glória da cachaça daquela cidade mineira onde estive há duas semanas, como convidado do evento que a qualidade de sua produção permite que eles denominem Festival Mundial da Cachaça sem que isso pareça tão cabotino.

Já visitara aquela cidade há cinco anos, quando das filmagens do doc. Devotos da Cachaça. Ali, entre outras grandes figuras, tive a honra de entrevistar dois produtores icônicos do universo cachacístico: Osvaldo Santiago, filho de Anísio, pai de Roberto, que nos recebeu na Fazenda Havana, e Antônio Rodrigues, lendário proprietário da Seleta. Os dois mestres mostraram duas facetas da produção local: a persistentemente artesanal (de cerca de dez mil litros por ano, no alambique da Havana/ Anísio Santiago) e a milionária (então, de mais de dois milhões de litros anuais e crescendo, na fábrica da Seleta, Boazinha e Saliboa).

De 2007 para cá, alguns produtores emergiram (a Tabua é o caso mais marcante), mas não houve mudanças estruturais no universo da cachaça de Salinas. Mas, agora, elas começam a acontecer com a atuação do senhor Carlos Andriani, um especialista em gestão egresso de Campinas que há dois anos vem atuando em Salinas.

Andriani comprou uma marca com mais de cinquenta anos de história – Indaiazinha –, se associou aos produtores da Tabua para atuar na gestão comercial daquela marca e adquiriu direitos sobre outras cachaças tradicionais de Salinas.
Tal associação pode ser benéfica para todos os lados. Um modelo de produção mais profissional, o surgimento de novos produtores com cacife para gerar muitas centenas de milhares de litros por ano de cachaça de alambique, com o devido corte da cabeça e da cauda e outros cuidados essenciais, é necessário a um possível salto na venda interna e, sobretudo, para enfrentar o desafio da exportação do produto. E, para isso, claro, novos métodos de gestão precisam ser adotados.

O risco é que modelos industriais de produção e de marketing se imponham sobre aquilo que é mais importante: a arte da alambicagem, os métodos tradicionais e específicos de produção de certos fabricantes e de determinadas regiões, os pequenos segredos baseados mais na observação empírica e na experiência do contato diário com a terra e seus frutos do que no conhecimento científico.

Esse amplo universo, um tesouro da cultura brasileira estabelecido por produtores excepcionais como o mestre Sabino Pinto, das cachaças Sabinosa, Brinco de Prata e Preciosa, precisa ser preservado.

No melhor dos mundos, a variedade característica do universo cachacístico se manterá. Que cachaças sejam produzidas para atender a todas as demandas. Que branquinhas puríssimas (as quais não podem ser dadas à luz aos milhões por ano) e envelhecidas ao estado da arte (com o vagar da vida interiorana) convivam com outras marcas de artesania menos refinada produzidas às centenas de milhares sem perder qualidades essenciais – coisa que é perfeitamente possível. E que a grande produção industrial siga atendendo a determinados mercados com suas cachaças de custo reduzido. Enfim, que a cachaça não encareça e não piore!

Riscos existem em todos os processos. Esperemos que os salinenses saibam manter o imenso patrimônio que construíram e que lembrem-se do exemplo de outras cidades que perderam a sua reputação por não apostarem na qualidade.

Aumentar a produção ou não ou mudar métodos de venda, tudo bem. O que há de se preservar é a arte da alambicagem. E a julgar por uma nova marca que provei lá em Salinas – a excelente Pelicana – e pela nova safra da Anísio Santiago, com a qual brindei com Roberto o centenário de seu avô, Anísio, isso ainda está preservado.

P. S: Ao Seu Sabino, da Sabinosa, fica aqui o agradecimento pela recepção fidalga em sua fazenda a mim, ao Fernando Porto, ao Cesar Fraga e ao Marcelo Arroyo. O muito obrigado se estende ao pessoal da Apacs, a associação de produtores de Salinas, que nos levou para a maratona cachacística – do Rio, fomos eu e Manuel Agostinho Lima, autor do livro Viagem ao mundo da cachaça. O presidente e acidentado Nivaldo Gonçalves e o vice-presidente e ex-seminarista Lucas Mendes formam uma linha de frente antenada e digna de crédito na administração do processo de evolução da cachaça de Salinas.

P.S 2: Lenir Costa e Rosário Alcazar, produtoras do doc. Devotos da Cachaça, também estiveram em Salinas, confraternizando com os produtores locais e ajudando a espalhar os DVDs do Devotos da Cachaça. Você já tem o seu? Não? Então, peça aqui.

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Cachaça global

Novos passos para que a cachaça ganhe o mundo vão sendo percorridos. Depois de a Campari ficar com a Sagatiba, no ano passado, dessa vez foi a Diageo, que já tinha adquirido a Nega Fulô, levar a Ypioca, empresa que era conduzida com extrema competência pela família Telles, do Ceará, há um século e meio.
A Diageo tem em seu portfólio a cerveja Guiness, o licor Bailey´s, a vodka Smirnoff e o whisky Johnnie Walker. Ou seja: marcas globais de bebidas consumidas em dezenas de países. Esse deve ser o destino, mais cedo ou mais tarde, da cachaça.
A chegada das multis traz uma série de perigos, mas é uma realidade positiva para a cadeia produtiva da cachaça e para o Brasil. Tal movimento já era previsto pelo grande Jão Luiz Coutinho de Faria, da cachaça Magnifica, numa cena do Devotos da Cachaça (diante de uma bela garrafa da sua Manífica Soleira).
João tem o pé firmado na Inglaterra há alguns anos e sempre pugna para que o produtor brasileiro esteja pronto para quando chegar a hora de ganhar o mundo. E essa hora está cada vez mais perto.

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Cordel do Festival das Vargens

É desenho, é pintura
É barro e joalheria
Com engenho e fidalguia
O artista transforma em arte
O que pro vulgo não seria
Nada mais que pedra dura

Todo mundo foi pra ver
Deu-se o caso lá em Vargem
No quintal do ateliê
Em meio ao festival
O Renato Molinaro
Tinha pintado e bordado
Naquela bela paragem

Foi uma bela exposição
De cerâmicas, quadros e joias
Mas meu peito brasileiro
Feito de cristal sem jaça
Gostou mesmo da seção
Inspirada na devoção
dos Devotos da Cachaça

O povo a se admirar                                                                                                                              Daquele painel bem grande
Tinha gambá segurando garrafa
Tinha caboclo tomando marafa
E na TV tinha o Devotos
Para ao povo visitante
A cachaça apresentar

Foi só uma pequena mostra
De uma grande exposição
Todinha inspirada na uca
Que vai acontecer pro ano
Com a graça de Sebastião
Mesmo que a vaca tussa
Ainda que o mar vire sertão

Tirando leite de pedra
Fazendo o barro avivar
O Renato Molinaro
Não para de laborar                                                                                                                                Na peleja do artista raro:
Criar para poder viver                                                                                                                         Viver para poder criar

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Na Ypióca, com os mestres

Os cachacólogos com a turma da Ypióca

Depois de perder o avião e conseguir uma poltrona em outro, desembarquei na primeira quarta-feira de outubro no Ceará, a convite da Ypióca, para conhecer parte das instalações da companhia e participar de uma degustação do mix de produtos da empresa que destila o líquido precioso há 165 anos.

Melhor do que a programação – realizada com perfeição e extrema gentileza – foi a oportunidade de trocar ideias e beber umas doses com os demais convidados da expedição.

Saquem o naipe da mesa: Mauricio Maia, cachacier paulistano de primeiríssimo time; Messias Cavalcante, o fabuloso colecionador que dispõe de mais de 15 mil cachaças no seu quintal, lá em Alfenas (MG); o grande Manoel Agostinho, autor do livro Viagem ao mundo da cachaça; Rick Anson, roqueiro, professor de gastronomia e o escambau; Renato Frascino, grande figura que saca tudo de água e da água que passarinho não bebe; Cesar Dames, jornalista versadíssimo nos mistérios da pinga; o capixaba Leandro Marelli, cientista da Esalq, que conhece a cana e seus processos por dentro e por fora, já que é também grande bebedor; Felipe, o rei da cachaça online, do site Mapa da Cachaça, e o pioneiro Milton Lima, do Cachaças.com, que tem a branquinha à flor da pele.

Foram dois dias de muita diversão e aprendizado, que têm se estendido com a ajuda da internet e ainda gerarão muitos bons frutos. Aqui, na Wine Report, me estendo um pouco mais sobre a Ypióca e a degustação.

Dirley Fernandes

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